A vida do caminhoneiro como símbolo de luta
- Fábio Marcelo da Rocha Rodrigues

- há 1 dia
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O caminhoneiro é peça central na engrenagem econômica brasileira. Com cerca de 60% da matriz de transporte baseada nas rodovias, o país depende desses profissionais para conectar regiões agrícolas e centros urbanos, garantindo o abastecimento de supermercados, hospitais e indústrias. A rotina na boleia, marcada por longas jornadas e riscos constantes, transforma o caminhoneiro em símbolo da luta diária pela sobrevivência, pela dignidade e pelo legado familiar.
Pesquisas recentes da CNT (2025) revelam que 53% dos motoristas autônomos e 54% dos contratados aprovam a pausa obrigatória de 30 minutos prevista em lei, e 58% dos autônomos consideram as 11 horas de repouso diárias suficientes. No entanto, muitos preferem fracionar o descanso em dois períodos, mostrando como a rotina nas estradas exige adaptações constantes.
Apesar dessas pausas, a realidade é dura. A Agência Brasil destacou que parte dos motoristas ainda excede o limite legal de tempo ao volante, recorrendo a substâncias para permanecer acordados, o que compromete a saúde e aumenta o risco de acidentes. A precariedade da infraestrutura rodoviária agrava o cenário: em 2024, a CNT identificou mais de 2.400 pontos críticos em rodovias federais, como buracos e erosões, que ampliam os perigos.
O peso econômico também é significativo. O custo elevado do combustível, pedágios e manutenção constante tornam a atividade cada vez mais onerosa. Muitos caminhoneiros autônomos enfrentam o dilema entre rodar mais horas para compensar despesas ou preservar a saúde. Essa luta diária traduz a essência da profissão: resistência diante das adversidades.
Em resposta, políticas públicas começaram a ser implementadas. A Política Nacional de Pontos de Parada e Descanso (PPDs), regulamentada em 2024, obriga rodovias concedidas a oferecer locais seguros para repouso, higiene e alimentação. Além disso, o programa MEI Caminhoneiro busca formalizar a categoria e ampliar direitos trabalhistas. Ainda assim, a execução prática dessas medidas é lenta e insuficiente diante da realidade das estradas.
A vida do caminhoneiro é, em essência, um símbolo de luta. É a luta contra o cansaço, contra a precariedade das estradas, contra os custos elevados e contra a invisibilidade de uma profissão que sustenta o país. Mais do que transportar cargas, o caminhoneiro carrega consigo o sustento da família e o compromisso de honrar sua profissão. Reconhecer essa luta é reconhecer que o Brasil se move graças à força de homens que transformam cada viagem em ato de resistência e cada entrega em prova de responsabilidade.



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